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Este blog retrata a vida de uma mulher com SOP (Síndrome do Ovário Poliquístico) e a sua luta diária para engravidar
Durante a tarde recebi o orçamento da cirurgia. Confesso que ficámos um pouco admirados com o valor, não estávamos à espera de pagar tanto. Como tenho ADSE achei mesmo que ia pagar muito menos…
Heis os valores:
- Coagulação de ovários: 44,87€
- Anestesia Internamento ADSE Tipo 2: 18,71€
Total Honorários: 63,58
- Quarto: 132,69€
- Farmácia: 86,32€
- Consumos: 309,04€
- Bloco: 24,94€
Total Hospital: 552,99€
TOTAL: 616,57€
Posto isto, confesso que este valor é um bocadinho esticado, nem quero imaginar qual será o valor sem a comparticipação da ADSE. Só espero que este “investimento” valha a pena e que traga resultados a curto prazo.
Pois bem, e não é que pela primeira vez depois de um ano e meio menstruei antes do tempo???? Não estava nada à espera deste acontecimento!
No sábado à noite comecei com um corrimento tipo muco mas com bocadinhos de sangue. Não valorizei a situação, até porque não estava à espera de nada. A verdade é que esta situação permaneceu até hoje de manhã. Quando acordei e fui à casa de banho deparei-me com o meu infiel amigo. No início ainda pensei que fosse apenas uma hemorragia mas com o passar das horas cheguei à conclusão de que era mesmo “ele”. Fiquei mal disposta, com muita dor de barriga, cólicas, dor de cabeça, sono, o comum para mim quando estou a menstruar.
Enviei de imediato email ao médico a explicar o que me tinha acontecido. Como estava tão nervosa/ansiosa/assustada com a situação, resolvi ligar para o Hospital e falar com as enfermeiras simpáticas da PMA. Expliquei o que me estava a acontecer, que tinha cirurgia marcada para 28 de maio e que estava com receio que a vinda antecipada da menstruação pudesse interferir. A enfermeira disse que ia falar com o médico e que me ligava. E assim foi…passados 15 minutos a enfermeira simpática ligou e explicou que a cirurgia mantinha-se para dia 28 de maio. Referiu também que deveríamos utilizar preservativo até lá, para não correr o “risco” de engravidar e depois não se saber na altura da cirurgia.
Mais uma vez o meu corpo pregou-me uma grande partida… Já estava à espera de um "atrasodo" mas nunca de um "adiantado"!
Hoje foi dia de nova consulta!
Às 11h lá estávamos nós sentadinhos à espera que o Dr nos chamasse. Desta vez fomos à consulta externa de ginecologia e obstetrícia, uma grande confusão… Lá estava eu rodeada de grávidas e bebés recém-nascidos. Não é que me incomode, mas fico sempre um pouco nostálgica…
Após 30 minutos de espera lá chegou a nossa vez. Como sempre, fomos muito bem recebidos! Fiz ecografia e tenho um folículo bom. Há uma forte probabilidade de conseguir engravidar este mês, pelo menos o Dr está com essa esperança. Eu gostava muito de a ter mas não estou nada convencida disso.
Combinámos que, no caso de não engravidar, faço a laparoscopia dia 28 de Maio. Agora é aproveitar ao máximo o suposto período fértil (que não é certo que esteja nele) e logo se vê como vai ser.
Estou bastante tranquila em relação à cirurgia! Não tenho receio de nada… O Dr explicou muito bem como ia proceder. Não ficámos com qualquer dúvida mas, ainda assim, caso surja alguma, podemos enviar email e questionar tudo. Sinto que estou em boas mãos, confio muito no Dr!
Ainda não sabemos qual o valor da cirurgia mas, assim que receba o email do hospital, venho logo contar.
Quatro dias depois de ter terminado o Duphaston (dose de cavalo!!!) eis que chega a tão esperada menstruação. Podem não acreditar mas fico sempre tão feliz quando “ela” chega. Apesar de ter sido provocada, o aparecimento desta menstruação indica que o dia da próxima consulta está cada vez mais próximo e, consequentemente, o dia da cirurgia.
Ao contrário da grande maioria das vezes, desta vez não dei conta de nada… Não tive dores de barriga, não me doeu a cabeça nem o peito e só dei por “ela” quando fui ao wc. E, felizmente, continuo sem qualquer dor! O pior mesmo é o meu estado de humor :/ Estou irritadiça, desconcentrada, sem paciência para nada nem para ninguém…enfim…coisas de mulher!
Assim que sai do wc fui logo enviar email ao médico para contar a novidade, agora estou a aguardar a resposta para saber a data da consulta.
Pois bem, isto de ter SOP não é mesmo nada fácil! Para além de me impedir de engravidar provoca grandes alterações no nosso corpo e, uma delas, é o aumento de peso!
Quando deixei de tomar a pílula, em Novembro de 2012, pesava menos 7 kg do que peso agora. Desde essa altura o meu peso foi aumentando, diminuindo, aumentando, diminuindo e voltou a aumentar... Neste momento não tenho quase calças que me sirvam e/ou que me sinta bem com elas. A gordura, misturada com inchaço, é mais na zona abdominal, começando também a notar-se nas pernas. Já fiz dietas, exercício, tudo para conseguir que o peso não aumente mas não consigo...
Durante uns meses tomei Metformina e, nessa altura, perdi peso e algum volume porque a medicação tinha esse efeito. Em Fevereiro o Dr. Luis pediu para deixar de tomar porque o medicamento era um pouco agressivo e já não estava a fazer efeito e...puf! Voltei a engordar...
O problema maior é que vou às compras e não encontro nada com que me sinta bem... Mas pronto, prefiro pensar que, quando me voltar a vir período, o inchaço vai diminuir e aí talvez já consiga encontrar alguma coisinha que me fique bem. Até lá, vou vivendo com o que tenho :)
Até ter o diagnóstico de SOP nunca tinha pensado muito no assunto infertilidade! É daqueles problemas que nós achamos que só acontecem aos outros. Mais ainda porque, em Setembro de 2012, antes de deixar de tomar a pílula, fui ao médico de família pedir umas análises e falei com ele sobre ser acompanhada por um ginecologista no hospital, isto porque já estávamos a ponderar deixar a pilula depois da consulta do neurocirurgião em Outubro. E sabem qual foi a resposta do Sr. Dr.? “Para o hospital só são encaminhadas as mulheres que têm gravidez de risco ou infertilidade e tu tens fertilidade para dar e vender!” Posto isto, nunca me passou pela cabeça que, 2 meses mais tarde estava a passar exactamente por isso. Não sei se é assim em todos os hospitais ou se é só cá, mas uma coisa eu sei, o SNS não funciona!
Uma coisa que me faz imensa confusão é, porque é que uma mulher que quer fazer um aborto vai ao hospital e passado uns dias tem a situação resolvida e uma mulher que não consegue engravidar tem de ir para o privado porque o SNS não funciona? Não compreendo! E atenção que eu até sou a favor do aborto… Liguei para um hospital público em Dezembro de 2013 para marcar consulta e disseram-me “Ainda não temos agenda do ano que vem para marcar consultas mas deixe o seu nome e contacto que depois contactamos para dizer a data da consulta”. Já lá vão 4 meses e essa chamada ainda não chegou. Será que ainda estão à espera da agenda???
Sabiam que meio milhão de casais portugueses em idade reprodutiva, ou seja, entre 10 a 15% da população portuguesa, sofre de infertilidade? E que em Portuga, 3% dos nascimentos são resultado de tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA)? Que cada tratamento por casal efectuado no privado rapidamente fica acima dos 5000€?
Pois bem, para que a (in)fertilidade seja debatida na Assembleia da Republica, está a circular uma petição. Apelo à vossa assinatura porque hoje somos 3% e amanhã não sabemos.
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT72865
Hoje recebi um email do Dr. Luis. Achei estranho, uma vez que não havia motivo aparente para tal… Então esse email dizia que vamos passar já para a laparoscopia e saltamos a HSG. A laparoscopia vai permitir avaliarmos a permeabilidade e efectuar o drilling. Fiquei muito contente com esta notícia. Eu sei que é uma cirurgia mas, finalmente, sinto que estou mais perto de alcançar o meu maior desejo!
A laparoscopia é uma cirurgia realizada por uma fina câmara inserida no abdómen por uma pequena incisão de 1 cm no umbigo. Além da incisão umbilical, é necessário outras 2 incisões de 1 cm ou 0,5 cm abaixo da marca de biquíni. A cirurgia é realizada após insuflação de um gás, geralmente o CO2, para distensão da cavidade abdominal e então melhor visualização dos órgãos pélvicos. É uma cirurgia minimamente invasiva, cuja recuperação pós cirúrgica é bem mais rápida e menos dolorosa do que as cirurgias convencionais (corte tipo cesariana). As principais indicações da laparoscopia ginecológica são: quistos ovarianos, mioma uterino único, aderências, endometriose, tratamento de gravidez ectópica e histerectomia (retirada do útero) em casos seleccionados. A anestesia realizada é a geral e a paciente fica internada no hospital 1 ou mais dias, dependendo do tipo de cirurgia. As complicações são raras e envolvem a lesão de bexiga, intestino, vasos sanguíneos, além do risco anestésico.
Pois bem, depois de uma cirurgia à cervical em que corria grandes riscos, isto para mim não é nada! Estive a ler testemunhos de meninas que, após laparoscopia devido a ovários poliquisticos, engravidaram no máximo passados três meses. A grande maioria engravidou logo no ciclo seguinte.
Acredito que esta vai ser a solução :)
Um grande beijinhos